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This post is only for Brazilian readers. It is about the approval on this Tuesday (25) by the House of Representatives of the “Civil Marco” – bill that regulates the use and Internet services in Brazil , determining the duties and rights of its users and companies providing this service . The project ensures:

Network neutrality – companies can not create plans and charge for differentiated data packages as happen with TVs subscription plans – the customer will pay for speed and not for the access to certain contents.
Security: data from Brazilian users should not necessarily be stored in Brazil – as the Brazilian Government wanted to avoid information leakage as happened with President Dilma Rousseff which had its electronic secrecy broken by USA spy agencies.
Removal of content: companies and websites can not be held liable for content posted by third parties, except if disobeyed a court order to remove such content – that goes for the ” revenge porn” (the practice of publishing intimate photos and/or videos of ex-girlfriends, ex-boyfriends or celebrities, for example) .
End of direct marketing: operators can no longer spy on the content accessed by the client to sell the information to companies that offer products and services based on this information, a practice that happens on Facebook for example.
Confidentiality: customer’s data can only be stored by operators to a maximum of 6 months in tightly controlled environment .

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Enfim, o Marco Civil

Em ano de eleição, quem tem mandato ou ambiciona ter um, tem medo. Deputados e Senadores que antes faziam tudo por debaixo do pano sem temerem as consequências nas eleições, agora andam cautelosos. A votação e a consequente aprovação do Marco Civil pela Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira – o Marco Civil é o projeto que regulariza o uso da Internet no Brasil e que rodou pelos corredores do Congresso durante 3 anos – foi uma vitória da sociedade brasileira e dos usuários de Internet contra os grupos que controlam o acesso e os serviços de telecomunicações no país. Mas a guerra não está ganha, apenas a primeira batalha foi vencida. A próxima conquista será a aprovação do projeto pelo Senado e em seguida a sua sanção pela presidência da república.

Câmara aprova Marco Civil da Internet

alessandro-molon“Hoje nada impede que a navegação do usuário seja gravada, identificada e vendida, violando a privacidade do usuário. Com o Marco Civil isso não poderá acontecer.”
Alessandro Molon (PT-RJ), relator do Marco Civil da Internet.

Após meses de intensas negociações, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (25), por votação simbólica, a criação do Marco Civil da Internet, projeto considerado uma espécie de constituição da rede mundial de computadores. Após concessões do governo em pontos antes considerados “cruciais” pelo Planalto como a obrigatoriedade da guarda de dados de usuários no Brasil, partidos aliados e da oposição retiraram todas as 12 propostas de alteração ao texto que haviam sido apresentadas em plenário (baixe aqui o documento em PDF e leia na íntegra o texto final aprovado). Até o PMDB, maior crítico ao relatório do deputado Alessandro Molon (PT-RJ), cedeu e se absteve de defender quaisquer modificações na redação. A proposta, que estabelece direitos e deveres de usuários e provedores de rede, seguirá agora para análise no Senado antes de ir à sanção presidencial.

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Constituição da Internet

O objetivo do marco regulatório, que tem sido chamado de “Constituição da Internet”, é determinar direitos e deveres para os usuários e estabelecer normas para provedores e empresas de tecnologia. Atualmente, não há legislação sobre o assunto. O debate sobre pontos polêmicos trancou a pauta da Casa por cinco meses (como o Executivo havia pedido urgência, outros projetos não podiam ser votados antes). Entenda abaixo como o texto aprovado pelos deputados pode afetar a vida dos usuários.

Neutralidade

Um dos pilares do projeto, a neutralidade de rede, sofreu algumas alterações no texto, mas foi mantido. Por esse princípio, os provedores não podem ofertar conexões diferenciadas, por exemplo, para acesso somente a emails, vídeos ou redes sociais. O principal entrave estava na regulamentação do princípio pelo Poder Executivo, principalmente em relação às exceções à norma. Críticos da neutralidade dizem que o princípio restringe a liberdade dos provedores para oferecer conexões diferenciadas conforme demandas específicas de clientes e que sua aplicação obrigatória pode encarecer o serviço para todos indistintamente. A proposta não impede a oferta de pacotes com velocidade diferenciada.

Armazenamento de dados

Para viabilizar a aprovação da proposta, o governo também abriu mão do armazenamento no Brasil de dados de usuários brasileiros, com a instalação de data centers no país de empresas de internet, como o Google e o Facebook. A medida tinha o objetivo de garantir a privacidade dos internautas e de dados do próprio governo brasileiro diante das denúncias de que os Estados Unidos teriam espionado comunicações da presidente Dilma Rousseff com ministros e assessores. No entanto, parlamentares da base aliada se opunham à proposta argumentando que a exigência iria encarecer o acesso na internet. Para obter acordo, o relator da proposta, Alessandro Molon (PT-RJ), retirou esse trecho do projeto, com o aval do Planalto, mas reforçou que empresas internacionais precisam respeitar a legislação brasileira no tocante a transmissões de rede ocorridas no país.

Retirada de conteúdo

De acordo com o projeto, provedores de conexão à web e aplicações na internet não serão responsabilizados pelo uso que os internautas fizerem da rede e por publicações feitas por terceiros. Atualmente não há regras específicas sobre o caso e as decisões judiciais variam – alguns juízes punem sites como o Facebook e Google por páginas ofensivas criadas por usuários, enquanto outros magistrados optam por penalizar apenas o responsável pelo conteúdo. De acordo com a nova legislação, as entidades que oferecem conteúdo e aplicações só serão responsabilizadas por danos gerados por terceiros se não acatarem ordem judicial exigindo a retirada dessas publicações. O objetivo da norma, segundo Molon, é fortalecer a liberdade de expressão na web e acabar com o que chama de “censura privada”. Mas há uma exceção: trata-se dos casos de vídeos ou fotos ofensivos em que a vítima direta solicitar a retirada. A regra vale para a pornografia de vingança (quando vídeos de relações íntimas são expostas na internet).

Fim do marketing dirigido

Pelo texto aprovado, as empresas de acesso não poderão “espiar” o conteúdo das informações trocadas pelos usuários na rede. Há interesse em fazer isso com fins comerciais, como para publicidade, nos moldes do que Facebook e Google fazem para enviar anúncios aos seus usuários de acordo com as mensagens que trocam. Essas normas não permitirão, por exemplo, a formação de bases de clientes para marketing dirigido, segundo Molon. Será proibido monitorar, filtrar, analisar ou fiscalizar o conteúdo dos pacotes, salvo em hipóteses previstas por lei.

Sigilo e privacidade

O sigilo das comunicações dos usuários da internet não pode ser violado. Provedores de acesso à internet serão obrigados a guardar os registros das horas de acesso e do fim da conexão dos usuários pelo prazo de seis meses, mas isso deve ser feito em ambiente controlado. A responsabilidade por esse controle não deverá ser delegada a outras empresas.

O que é a neutralidade da rede e como ela pode afetar os internautas

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A votação do Marco Civil já tinha sido adiada mais de dez vezes. Um dos motivos foi o conceito de neutralidade de rede, que estabeleceu regras sobre o tratamento de informações na web. A neutralidade da rede, prevista no artigo 9º do projeto de lei do Marco Civil, diz que “o responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados […]”. O projeto também sugere que o Poder Executivo regulamente os casos em que houver discriminação ou degradação do tráfego por parte das operadoras.

O conceito de rede neutra foi usado pela primeira vez por Tim Wu, professor de direito da Universidade de Columbia (EUA). A definição dele de neutralidade de rede é “maximizar a utilidade de uma rede de informação pública, tratando igualmente todos conteúdos, sites e plataformas”. Em outras palavras, a neutralidade prega que todo o tráfego da internet seja tratado de forma igualitária por quem fornece a conexão ao usuário (ou seja, as operadoras de internet fixa e móvel). Veja a seguir o que os dois principais setores envolvidos no debate acham sobre a proposta.

Quais são as áreas envolvidas na discussão sobre a neutralidade de rede?

O entrave sobre a neutralidade de rede envolve, basicamente, dois setores: as empresas de telecomunicações (como Vivo, Claro, TIM, NET, GVT, entre outros) que fornecem conexão à internet e provedores de internet (como UOL, Terra, IG e Globo).

Para o primeiro setor, a internet deve ser neutra no que diz respeito a conteúdo, mas as teles reivindicam o direito de vender pacotes fechados de internet (como planos para celular que limitam acesso a redes sociais e sites predeterminados). Para isso, é necessária a identificação do tipo de informação transferida. Já os provedores acreditam que a internet deve ser completamente neutra e que a escolha de planos com conteúdos fechados limita a liberdade de o usuário conhecer novos sites, além de impedir que outras empresas de conteúdo digital ganhem espaço no mercado.

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Como funciona hoje a neutralidade?

Provedores:

Para Eduardo Neger, presidente da Abranet (associação que reúne provedores e outras prestadoras de serviço na rede), o consenso geral é que as operadoras tratam os conteúdos de navegação do usuário de forma neutra: não existe redução de velocidade ao baixar arquivos P2P (de redes de compartilhamento) ou aumento de banda ao acessar determinada página. Segundo ele, não existe nenhuma lei em vigor que obriga as operadoras a tratar os dados com neutralidade.

No entanto, na internet é comum ver reclamações de uma prática conhecida como “traffic shaping” em planos de internet fixa. Ela consiste na redução da velocidade após o usuário utilizar serviços “pesados”, como vídeo sob demanda ou download de torrents (protocolo de troca de dados, geralmente utilizado para baixar filmes). Apesar dos protestos dos internanutas, as operadoras não assumem que usam este artifício.

Quanto à internet móvel, as operadoras, aos poucos, diminuíram a venda de planos fechados (que não dão acesso a toda a internet, mas a determinadas redes sociais e alguns serviços de e-mail). A maioria estabelece uma franquia de dados para ser gasta durante um período. Ao usar o limite de dados antes do tempo estabelecido, a velocidade cai (caso dos planos pós) ou a internet é interrompida (caso dos planos pré).

Operadoras:

Para Eduardo Levy, presidente do Sinditelebrasil (entidade que representa os provedores de conexão), não existe de fato o conceito de neutralidade de rede. Para explicar seu ponto de vista, Levy comentou o recente caso de bloqueio da porta 25 (utilizada para o envio de e-mails), em que, segundo ele, houve interferência na rede. “Houve um consenso entre o CGI [Comitê Gestor da Internet] e do DPDC [Departamento de Proteção do Consumidor] para que os Procons, quando procurados, orientassem os consumidores a não entrarem com uma ação contra os provedores de acesso por estarem impedindo o envio de e-mails pela porta 25”, disse. A medida do bloqueio da porta 25 visa reduzir o número do envio de spams. De acordo com ele, as teles não fazem nenhum tipo de priorização de conteúdo, apesar de haver possibilidade técnica para que isso ocorra.

O que muda com a neutralidade

“As operadoras devem cobrar por velocidade, não pelo conteúdo que o usuário quer acessar ou acessa”, afirma Eduardo Neger, presidente da Abranet.

Uma das principais batalhas pelo texto final do Marco Civil foi a pressão feita pelas operadoras para incluir no projeto a possibilidade de mudança de tratamento de tráfego [“discriminação ou degradação de tráfego”] por razões técnicas que só as operadoras poderiam definir. Isso abria uma brecha para que houvesse discriminação de conteúdos sob a desculpa de que ‘houve um problema técnico'”, explica Eduardo Neger, da Abranet. Desta forma, as operadoras poderiam, por meio de contratos comerciais com empresas de internet, definir conteúdos e serviços para o contratante, inibindo as pessoas de acessarem outras páginas ou aplicativos novos. “Se essa lógica existisse há uns dez anos, por exemplo, o Facebook não seria uma rede social tão grande. E, talvez, até o Orkut ainda fosse mais popular hoje em dia”, diz ele. Se a rede não trata os dados de forma igual, as operadoras acabam “blindando” o usuário para que ele use apenas serviços já consolidados, analisou Neger.

Como funciona a neutralidade em outros países?

Na América do Sul, o Chile é um dos países que estabeleceu a neutralidade de rede como princípio básico da internet. Lá, os planos de internet móvel são vendidos com base na quantidade de dados estabelecida na franquia do usuário, como no Brasil. Na Colômbia, há o conceito de neutralidade de conteúdo na lei, mas há também um artigo que autoriza ofertas limitadas a usuários ou segmentos de mercado. É frequente a venda de planos 3G com limite de dados (como no Chile) e “planos ilimitados” com restrições.

Nos Estados Unidos, prevalece o conceito de neutralidade na rede parecido com o do Chile. No entanto, o país tem algumas restrições quanto ao uso de internet móvel em alguns dispositivos. Em algumas operadoras, é comum que o recurso de tethering (de usar o smartphone como um modem de internet sem fio) seja bloqueado. Esta prática vai contra a neutralidade, pois a empresa acaba determinando como cliente pode (ou não) usar sua própria conexão.

Fontes: UOL, G1, Terra e R7.

Faça suas próprias pesquisas. Não se conforme com uma única fonte. Informação é poder. Questione tudo.

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MÍDIA CONVENCIONAL X MÍDIA INDEPENDENTE

Vivemos em um estado fascista e de exceção, onde a polícia pode bater, prender e matar quem ela quiser com a certeza de que seus agentes assassinos e torturadores ficarão impunes. Um país onde as leis só protegem os criminosos. Onde não existem direitos humanos nem liberdade de expressão que garanta o direito constitucional de o cidadão se manifestar. Onde os políticos se elegem apenas para garantir privilégios perpétuos e criam leis apenas para que não possam ser punidos pelos crimes que cometem. Onde a mídia se limita a manipular os fatos e a opinião pública jogando o povo contra o próprio povo e a defender seus próprios interesses, os interesses dos políticos que apoia e os interesses dos grupos capitalistas que a sustentam. Em outras palavras, esse país é uma merda.

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Estamos tentando limpar essa sujeira de décadas de ditadura, opressão, mentiras e manipulações. É um trabalho árduo e demorado, pois existem pessoas e grupos muito poderosos que preferem deixar a sujeira onde ela está. Existem milhões de pessoas que se conformam apenas com a ilusão de sombras projetadas na parede e outros milhões que ignoram a verdade porque simplesmente o acesso a outros meios de informação lhes é negado. Mais de 50 por cento da população brasileira sequer tem acesso à Internet, que reúne a maior concentração de mídias independentes e canais de informação alternativos, e por isso não existe interesse político em levar a Internet até essas pessoas. É por esses cidadãos escravizados pela mídia convencional que também estamos lutando, além de lutar pelo nosso próprio direito de livre manifestação e expressão.

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O pior cego é o que se recusa a enxergar a verdade. O pior analfabeto é o analfabeto midiático: ele não pensa, não questiona, não duvida e aceita passivamente tudo aquilo que lhe é dito e exibido. Liberte a sua mente por 24 horas. Desligue a TV. Se após essas 24 horas você ainda sentir uma necessidade incontrolável de ligar a TV, o seu caso é grave, mas ainda tem solução. Se você ligar a TV apenas para confrontar os fatos mostrados por ela com o que você já viu pela mídia alternativa, parabéns, você é um questionador. Se você não sentir mais nenhuma vontade de ligar a TV, parabéns você é um vencedor. Você é livre.

PIG – PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA

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Partido da Imprensa Golpista (comumente abreviado para PIG ou PiG) é uma expressão usada por órgãos de imprensa e blogs políticos de orientação de esquerda para se referir a órgãos de imprensa e jornalistas por eles considerados tendenciosos, que se utilizariam do que chamam grande mídia como meio de propagar suas ideias e tentar desestabilizar governos, organizações de orientação política contrária ou movimentos sociais que ameaçam o poder de grupos capitalistas ou partidos políticos.

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A expressão foi popularizada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog Conversa Afiada, mas, segundo ele, foi inspirada em um discurso do deputado petista Fernando Ferro. Amorim, quando utiliza o termo, escreve com um i minúsculo, em alusão ao portal iG, do qual foi demitido em 18 de março de 2008, no que descreve como um processo de “limpeza ideológica”. De acordo com ele, até políticos teriam passado a fazer parte do PIG: “O partido deixou de ser um instrumento de golpe para se tornar o próprio golpe. Com o discurso de jornalismo objetivo, fazem o trabalho não de imprensa que omite; mas que mente, deforma e frauda. De maneira geral, hoje a expressão é bastante usada em parte dos sites e blogs de esquerda no Brasil.

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CONHEÇA AS 10 ESTRATÉGIAS PARA CONTROLE DA POPULAÇÃO ATRAVÉS DO PODER DA MÍDIA

Independente de sua autoria, o texto resume bem a realidade de nossos dias. Você está sendo o tempo todo manipulado. A maioria das pessoas é incapaz de perceber isso devido à sutileza e à engenhosidade por trás das técnicas empregadas pela mídia para manipular a sua opinião, os seus gostos e as suas necessidades.

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1- A estratégia da distração

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas).

2- Criar problemas, depois oferecer soluções

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia da gradação

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A estratégia do deferido

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- Dirigir-se ao público como crianças de baixa idade

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade”. (Pesquise “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”).

6- Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

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7- Manter o público na ignorância e na mediocridade

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8- Estimular o público a ser complacente na mediocridade

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- Reforçar a revolta pela autoculpabilidade

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- Conhecer melhor os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Algumas fontes dão como autor desse texto o linguista estadunidense Noam Chomsky. Outras fontes dizem que a sua autoria é de Sylvain Timsit. Alguns links pesquisados por mim apontam ambas as fontes:

http://www.syti.net/Manipulations.html
http://libyaagainstsuperpowermedia.com/2012/03/05/sylvain-timsit-ten-techniques-for-the-manipulation-of-public-opinion/
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/noam-chomsky-as-10-estrategias-de-manipulacao-midiatica.html
http://www.nomundoenoslivros.com/2010/09/10-estrategias-de-manipulacao-para.html

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MANIPULAÇÃO DE INFORMAÇÕES

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Há mais de um ano eu não vejo TV, não ouço rádio e não leio jornais e estou muito mais informado do que nunca. Libertei a minha mente. Liberte a sua mente também e ajude a compartilhar o link desse pequeno documentário mostrando como funciona a mídia no Brasil e os esforços do governo para que nada disso mude. Saiba quem são as onze famílias que controlam a mídia brasileira. Autor do vídeo: Pedro Eckman. Clique aqui para assistir.

ISLÂNDIA – A REVOLUÇÃO SILENCIADA

Você ouviu falar sobre a Revolução Islandesa? Não, nem você nem ninguém porque a mídia internacional é tão manipuladora e vendida quanto são corruptos os governos que a apoiam e sustentam. Assista esse vídeo e compreenda os principais tópicos da revolução e entenda o porque disso.

1. Demissão em massa do governo;
2. Nacionalização dos bancos;
3. Referendo sobre as fundamentais questões econômicas;
4. Prisão dos principais responsáveis pela crise;
5. Nova Constituição escrita pelos cidadãos.

Quebre as correntes. Pense livre.

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Para ler a Parte 10, clique aqui. Se você quiser baixar uma versão em documento de texto (Word) contendo todos os posts deste especial, ele está disponível no link a seguir: 20 anos de Arquivo X (Tamanho do arquivo 9 mb).

Tudo morre

“Arquivo X” foi a prova definitiva de que aquele raio que não cai duas vezes no mesmo lugar. Chris Carter tentou por três vezes lançar novos programas de TV nos moldes de “Arquivo X” e falhou em todas. “Millennium”, considerado até mais pessimista e sombrio do que “Arquivo X”, ainda conseguiu sobreviver por três temporadas completas mesmo com índices de audiência terrivelmente baixos, muito graças à insistência de seu criador, que remanejou parte da equipe de “Arquivo X” para ajudar na produção da série, entre eles os roteiristas Glen Morgan e James Wong. Para piorar, a série de Carter sobre realidade virtual “Harsh Realm”, criada por ele em 1999, foi cancelada logo após a sua estreia, e teve apenas três episódios produzidos. O spin off com os Pistoleiros Solitários (The Lone Gunmen, de 2001), produzido paralelamente à nona temporada de “Arquivo X”, acabou sendo um terrível engano, pois durou apenas 12 episódios. Tanto Carter quanto a Fox superestimaram o apelo desses personagens junto ao público. Quando eram colocados a serviço dos agentes Mulder e Scully em participações rápidas e divertidas, eles criavam um contraponto de humor que ajudava a equilibrar os momentos de maior tensão dos episódios. Mas isso não se repetiu quando precisaram atuar durante uma hora inteira. Tudo isso contribuiu para a impressão de que Chris Carter era o produtor de um único sucesso. E que sucesso.

O criador de “Arquivo X”, Chris Carter, tentou introduzir o conceito de que os personagens poderiam mudar, mas a mitologia manteria o seriado funcionando. Para fazer parceria com John Doggett (Robert Patrick), uma nova personagem foi introduzida durante a oitava temporada da série, a agente Monica Reyes (Annabeth Gish), com Scully aparecendo ocasionalmente para ajudar nas investigações por conta de sua experiência nos Arquivos X e de seu enorme conhecimento médico e científico.

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Apesar de todos os problemas surgidos nas últimas duas temporadas – brigas por salários, processos judiciais, mudanças de elenco e episódios irregulares – “Arquivo X” continuava um dos líderes de audiência entre os programas de horário nobre. Para alegria dos “shippers”, os fãs que torciam por um romance entre Mulder e Scully, a oitava temporada terminou com o nascimento do bebê de Scully e o terceiro beijo da série entre o casal de agentes. Se o bebê recebeu o nome de William por ser filho de Mulder, seja por inseminação artificial ou por um caso entre os agentes, ou se foi apenas uma homenagem, não importava mais. A nona temporada seria marcada pelo afastamento definitivo de David Duchovny e participações menores de Gillian Anderson, que foi transformada em uma espécie de atriz convidada de sua própria série. A fórmula inicial de “Arquivo X” mais uma vez se repetia, com o agente Doggett, um cético convicto, fornecendo o contraponto racional aos casos que ele a a agente Reyes, especializada em ocultismo e crédula em paranormalidade, investigavam.

O elenco fixo de “Arquivo X” durante o seu último ano de vida: Gillian Anderson (Agente Especial Dana Scully), Robert Patrick (Agente Especial John Doggett), Annabeth Gish (Agente Especial Monica Reyes), Mitch Pileggi (Diretor Assistente Walter Skinner), James Pickens Jr. (Vice-Diretor Alvin Kersh) e Cary Elwes (Diretor Assistente Brad Follmer), introduzido a partir do primeiro episódio da nona temporada. Segundo os roteiristas da série, Follmer era um ex-namorado da agente Reyes e foi criado para ser uma espécie de antagonista de Doggett e prejudicar as relações entre os dois.

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A audiência, que vinha caindo desde as três últimas temporadas, continuou seu caminho para baixo e a produção anunciou que a nona temporada seria de fato a última temporada de “Arquivo X”. Além disso, como não havia muito mais o que contar em termos de mitologia, a nona temporada ficou batendo nas mesmas teclas envolvendo a criação dos super soldados com DNA alienígena e o bebê de Scully que sempre aparecia alguém tentando matar, entre um ou outro episódio isolado mais interessante e capaz de despertar os fãs do tédio que se instaurou dentro da série. Para piorar, a ideia de outras pessoas trabalhando nos Arquivos X jamais foi aceita completamente pelos fãs, mesmo com o carisma e o talento de Robert Patrick e Annabeth Gish, e com Gillian Anderson e Mitch Pillegi dando uma forcinha na maioria das histórias. “Arquivo X” perdeu a credibilidade e encerrou sua vida na telinha com um episódio final em duas partes, “A Verdade”, que conseguiu pelo menos uma proeza: trazer David Duchovny de volta para encerrar a jornada de Mulder e Scully.

Nada importante aconteceu hoje

Desde o início dos trabalhos de pré-produção, a nona temporada já vinha despertando a curiosidade do público por conta da anunciada  participação especial da atriz Lucy Lawless, a estrela do seriado “Xena, a Princesa Guerreira” no episódio duplo “Nada Importante Aconteceu Hoje” (Nothing Important Happening Today) que abriu a temporada e foi ao ar na noite de 11 de novembro de 2001. O episódio mostrou uma abertura totalmente nova, com Gillian Anderson encabeçando o elenco, seguida de Robert Patrick, Annabeth Gish e Mitch Pileggi, que finalmente ganhou status de protagonista após nove anos de dedicação à série:

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A temporada que iria girar basicamente em torno do tema da conspiração do governo na criação dos super soldados alienígenas, começou com a despedida de Mulder – cuja sombra era vista no chuveiro – e a sua fuga para algum lugar ignorado por questões de segurança que nunca foram esclarecidas. A partir de então, Scully e ele passariam a se comunicar apenas através de emails. O FBI começou a investigar a morte de um agente do departamento de proteção ambiental, Carl Wormus (Nicholas Walker) em um acidente de carro forçado por Shannon McMahon (Lucy Lawless), antiga colega de Doggett dos seus tempos de fuzileiro. O vice-diretor Kersh escalou o diretor assistente Brad Follmer para acompanhar pessoalmente as investigações. Como Follmer, ex-namorado da agente Reyes, insistia que ela se afastasse de Doggett, Reyes percebeu que a missão dele era prejudicar o trabalho de seu parceiro e forçar a saída de Doggett do FBI. Após proteger Dogett e salvar a sua vida, Shannon explicou que ela e o informante de Doggett, Knowle Rohrer (Adam Baldwin), eram dois desses super soldados aparentemente invencíveis criados pelo governo a partir do processo de hibridação que misturou DNA humano com alienígena, dando-lhes força sobre-humana, incrível capacidade de regeneração e a habilidade de sobreviver em qualquer tipo de ambiente.

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As investigações apontaram para uma conspiração militar que planejava lançar um produto químico chamado cloramina, um catalisador de mutações, nos reservatórios de água e provocar uma reação em cadeia na população. Na sequência principal do segundo episódio, as investigações conduziram os agentes a um navio da Marinha norte-americana que servia de base para os testes. Lá, Rohrer tentava matar Doggett esmagando o seu crânio, mas foi decapitado por Shannon. Como ele não morreu, Rohrer atacou Shannon e ambos caíam ao mar. Os agentes conseguiam fugir a tempo do navio, que explodiu, destruindo as provas. No final, confrontado por Doggett, o vice-diretor Kersh justificou suas ações. Foi ainda nesse episódio Scully que descobriu que seu filho William tinha poderes especiais ao perceber que ele conseguia mover objetos sem os tocar, o que a deixou chocada. A frase “Nada importante aconteceu hoje”, que substituiu “A Verdade Está lá Fora” nos créditos de abertura da Parte 2, é uma referência à frase escrita pelo Rei George III da Inglaterra em seu diário no dia 4 de julho de 1776, dia em que os Estados Unidos declararam a sua independência.

A atriz Lucy Lawless nunca foi uma fã declarada da série, mas aceitou o convite para atuar como Shannon McMahon em “Arquivo X” após o cancelamento de sua série “Xena, a Princesa Guerreira”. A personagem estava confirmada para retornar em outros episódios, mas uma gravidez de alto risco da atriz impossibilitou que ela trabalhasse durante todo o período de gestação. Chris Carter reconheceu a forte sensualidade de Lucy e afirmou que foi divertido criar a ideia de um super soldado mulher, algo nunca antes visto na série.

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Scully voltou a lecionar na Academia do FBI em Quântico, enquanto a agente Reyes foi destacada para ajudar John Doggett nos Arquivos X. O primeiro caso oficial dos dois agentes juntos foi investigar uma série de assassinatos em rituais satânicos praticados por fanáticos em “Demônios” (Daemonicus), típico episódio “monstro da semana”, escrito por Frank Spotnitz para estabelecer a nova dinâmica da série, com Doggett e Reyes investigando os Arquivos X, e Scully prestando algum tipo de assessoria, como realizar exames e autópsias. Alguns episódios absolutamente banais se seguiram, como “O Senhor das Moscas” (The Lord of the Flies), “Dias Felizes” (Sunshine Days) e “Audrey Pauley”. Este último mostrava Reyes vivendo uma experiência fora do corpo após um acidente de carro. Presa em um limbo semelhante a um hospital e com a ajuda de uma paciente que podia se comunicar com ela, Reyes lutava para despertar sua consciência e impedir que ela fosse morta para que seus órgãos vitais fossem doados. Annabeth Gish declarou depois que de todos os episódios em que atuou, esse era o seu preferido. “João Ninguém” (John Doe) foi um dos bons episódios-solo de Doggett, que era visto vagando sem memória em uma cidade poeirenta na fronteira com o México, e os esforços de Scully e Reyes para o localizar e descobrirem o que havia acontecido com ele.

Seguindo uma tradição do seriado em apresentar astros da TV e do cinema em participações especiais”, “Improvável” contou com a participação do veterano ator Burt Reynolds. O episódio apresentou ainda outra mudança no lema de abertura de “A Verdade Está lá Fora” para “Dio Ti Ama” (“Deus ama você”, em italiano) e trazia também em italiano os créditos “Producttore Esecutivo: Chris Carter”.

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Digno de ser esquecido foi “Improvável” (improbable), escrito e dirigido pelo próprio Chris Carter envolvendo a caçada de Scully e Reyes a um assassino serial, que as obrigava a exercitar seus poderes de dedução e as colocava diante de um estranho e misterioso jogador de cartas interpretado pelo veterano ator Burt Reynolds. Ex-galã dos anos 70 e início dos anos 80, a carreira de Reynolds havia entrado em decadência após sua participação em fracassos do porte de “Striptease”. Reynolds havia declarado a Robert Patrick o seu interesse de atuar em “Arquivo X”. Fascinado por Numerologia e querendo produzir um episódio inteiramente de humor que desse um alívio em meio à enxurrada de histórias macabras em que seus personagens estiveram sempre sob forte tensão, Carter escalou Reynolds para viver Deus em pessoa e obrigou a equipe de efeitos especiais liderada por Mat Beck a criar uma incrível sequência em que a vista área de uma cidade se transformava em uma imagem em relevo do rosto do ator.

A nona temporada trouxe de volta a agente Leyla Harrison (vista no episódio “Sozinho”, da temporada anterior e interpretada por Jolie Jenkins), uma homenagem dos produtores à Leyla Harrison, uma fã de “Arquivo X” famosa pelas fan fictions que escrevia e que morreu de câncer em fevereiro de 2001. Foi durante a produção de “Monstros Assustadores” (Scary Monsters), o décimo quarto episódio da temporada, que os produtores ficaram sabendo que “Arquivo X” tinha sido cancelado pela Fox, frustrando a expectativa de que a série tivesse uma décima temporada. x-files-11

Outro episódio que ajudou a salvar a temporada foi “Não Confie em Ninguém” (Trust No 1), que resgatou o antigo clima de paranoia da série e apresentou uma trama bastante envolvente que explorou o tema dos super soldados e usou antigas imagens de David Duchovny para mostrar que a vida de Mulder ainda corria perigo, bem como a vida do filho de Scully, William, por conta de suas habilidades especiais. O ator Terry O’Quinn interpretou o misterioso Homem Sombra (Shadow Man), um super soldado infiltrado que tentou localizar Mulder e ganhar a confiança de Scully contando detalhes pessoais, inclusive sobre a primeira vez em que ela e Mulder fizeram amor, e que ela vinha sendo espionada há muito tempo. A sua morte ao ser exposto à magnetita, revelou que esse era o ponto fraco dos super soldados, a única maneira de destrui-los. O’Quinn foi visto no episódio “Aubrey”, da segunda temporada, e viveu um agente do FBI no filme “Resista ao Futuro”. Ele também atuou como Peter Watts em “Millennium” e na fracassada “Harsh Realm”, outras duas séries criadas por Chris Carter. O episódio mostrou uma nova mudança de lema nos créditos de abertura, onde se lia “They’re Watching” (Eles Estão Observando).

Quando os fãs acharam que “Arquivo X” já tinha dado tudo o que podia, o episódio “4-D” trouxe um novo alento à série ao mostrar os agentes investigando um assassino em série chamado Erwin Lukesh, capaz de transitar entre dimensões paralelas e assim escapar das cenas dos crimes. Muito bem escrito por Steven Maeda, apesar de Carter ser contrário à ideia de relacionamentos amorosos escancarados em sua série, o episódio “4-D” (uma referência ao número do apartamento onde vivia Lukesh), mostrava os agentes Doggett e Reyes flertando um com o outro, situação que se repetiria várias vezes ao longo da temporada.

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O ponto de partida para o excelente episódio duplo “Procedência” (“Provenance” e “Providence”) foi a queda de uma espaçonave que foi mantida em sigilo pelo FBI e a descoberta de que um culto de fanáticos por OVNIs liderado por um ex-militar poderia colocar a vida do pequeno William em risco mais uma vez. O episódio explorou detalhes da trilogia “A Sexta Extinção”, da sétima temporada, envolvendo a escrita Navajo inserida nas espaçonaves e um agente do FBI chamado Robert Comer que possuía um outro artefato alienígena e que tentou sequestrar William, sendo impedido e baleado por Scully. O vice-diretor Kersh explicou que Comer estava investigando o culto e as ameaças de morte a Mulder. Os Pistoleiros Solitários foram chamados para proteger William, mas tudo que conseguiram foi permitir que ele fosse sequestrado pela Mulher de Sobretudo.

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A Parte 2 abria com um prólogo mostrando quatro super soldados entrando em ação durante a Guerra do Golfo, na famosa batalha de Al Busayyah, testemunhada pelo líder do culto, o então coronel do exército Zeke Josepho. Na sequência do episódio, víamos Scully buscando desesperadamente pistas do paradeiro de William. Ela descobria que o menino era visto pelos membros do culto como uma espécie de Messias, o salvador da humanidade, baseado em seus poderes e que Mulder precisaria continuar vivo quando isso acontecesse. No final, William sobrevivia milagrosamente e sem ferimentos à explosão da nave alienígena que matou todos os membros do culto. O episódio apresentou um novo personagem, um veterano agente do FBI conhecido como “Toothpick Man” (Alan Dale), responsável pela morte do agente Comer e que revelou ser um dos super soldados alienígenas. O personagem foi criado para substituir o Canceroso no comando do novo Sindicato: trabalhando dentro do FBI, ele controlava a diretoria e também tinha acesso irrestrito à Casa Branca – visto em uma cena que acabou sendo cortada na sala de edição.

Nunca foi confirmado pelos produtores se Mulder era ou não o pai biológico de William. Os fãs trataram de investigar as três temporadas finais em busca de pistas. O reimplante do microchip poderia ter curado a esterilidade de Scully, de uma forma que William poderia ser produto de uma tentativa de inseminação artificial para a qual Mulder tinha sido o doador (essa tentativa, porém, não deu certo, e não se sabe se houveram outras), se foi fruto de uma noite de amor entre os agentes pouco antes de Mulder ter sido abduzido, ou de acordo com o monólogo de Mulder em “Essência”, produto de uma manifestação sobrenatural.

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Agora era oficial: “Arquivo X” tinha chegado ao fim. Chris Carter decidiu amarrar todas as pontas soltas, mas como não havia mais ninguém para matar, ele convocou os Pistoleiros Solitários de volta e matou os três de uma forma absurdamente banal, que surpreendeu os fãs no episódio “Eles Nunca Morrem” (Jump the Shark). Não se sabe se foi por vingança pelo cancelamento da série estrelada por eles ou porque com o cancelamento a Fox não queria que os personagens voltassem ao “Arquivo X”. A morte de Frohike, Byers e Langley fechou o arco do seu seriado que envolvia uma hacker amiga deles chamada Yves Adele Harlow (Zuleikha Robinson), que segundo provas entregues pelo MIB Morris Fletcher (Michael McKean, introduzido em “Arquivo X” no episódio duplo “Terra dos Sonhos) aos agentes Doggett e Reyes, era uma super soldada e estava desaparecida há mais de um ano. Carter decidiu também fechar o arco envolvendo o assassinato até então não solucionado do filho do agente Doggett, Luke, no episódio “Libertação” (Release), no qual o agente reabriu o caso graças à ajuda de um  aluno de Scully na Academia, Rudolph Hayes, brilhante na criação de perfis de assassinos seriais. Hayes conseguiu juntar as pistas do passado com outros crimes ocorridos no presente e embora todas as evidências apontassem para o cadete Hayes, que na verdade era um ex-paciente com problemas mentais chamado Stuart Mimms, o assassino estaria ligado ao chefe do crime organizado, Nicholas Regali, por sua vez ligado ao diretor assistente Brad Follmer.

No episódio “Libertação”, que trata do assassinato do filho do agente Doggett, a ex-esposa dele, Barbara Doggett, foi interpretada por Barbara Patrick, esposa do ator Robert Patrick na vida real. O casal se casou na época das filmagens de “O Exterminador do Futuro 2” e tem um casal de filhos.

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mulder-in-eye-scullyPreparando o caminho para o final de “Arquivo X”, Chris Carter escreveu o roteiro de “William” em colaboração com Frank Spotnitz e David Duchovny, que também dirigiu o episódio, o décimo sexto da temporada, e que marcou a volta de Mulder, visto em uma cena através do seu reflexo no olho de Scully. No episódio, um homem desconhecido e desfigurado invadia a sala dos Arquivos X e acabava sendo preso por Doggett. No interrogatório, o homem dizia que conhecia Mulder e que sofreu uma tentativa fracassada de transformá-lo em um híbrido alienígena. Quando testes de seu DNA dão positivo, Doggett conclui que ele é Mulder, mas na verdade o homem é o ex-agente do FBI, Jeffrey Spender, irmão de Mulder, baleado pelo Canceroso e dado como morto quatro anos atrás. Ele aplica uma injeção de magnetita em William para proteger o menino dos alienígenas e transformá-lo em uma criança normal. Percebendo que não havia como garantir a segurança de William, Scully decidiu entregar o menino a pais adotivos de uma forma que ninguém soubesse da sua localização.

Após o seu desligamento da série durante a sexta temporada, o ator Chris Owens mudou-se para Toronto, no Canadá. Anos depois, ele recebeu um telefonema de David Duchovny dizendo que os produtores de “Arquivo X” estavam filmando o final da série e precisavam que seu personagem, o agente Jeffrey Spender, retornasse nos últimos episódios. O episódio “William” explicou que Spender foi salvo da morte graças à uma injeção com o vírus alienígena, mas que a experiência desfigurou completamente o seu rosto.

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“É o fim, você não terá outra chance. Então é melhor você colocar tudo o que você sempre quis colocar no episódio. Havia coisas para nos distrair do que realmente estava acontecendo. A banda estava se separando”, comentou Chris Carter alguns meses antes de o episódio final de “Arquivo X” ser realizado. Para o produtor Frank Spotnitz foi uma sensação estranha escrever os roteiros sabendo que seria a última vez que Scully faria isso ou que Mulder diria aquilo, e que Chris Carter fez o anúncio do fim da série com muita antecedência para que todos pudessem ter tempo de colocar suas mentes em ação para darem aos personagens tudo aquilo que lhes era devido. O episódio final de “Arquivo X” foi preparado como um especial de duas horas. “A Verdade” (The Truth), escrito por Chris Carter e dirigido pelo veterano da série Kim Manners, foi ao ar na noite de 19 de maio de 2002.

Com o episódio duplo “A Verdade”, David Duchovny estava oficialmente de volta à série desde a sua última aparição em “Existência”, episódio final da oitava temporada. Foi também a única vez em que os créditos de abertura de “Arquivo X” traziam os cinco atores principais juntos – David Duchovny, Gillian Anderson, Robert Patrick, Annabeth Gish e Mitch Pileggi. As duas partes de “A Verdade” somam o 201º e o 202º episódios de “Arquivo X”.

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No episódio, Fox Mulder reaparece invadindo uma base militar onde descobria os planos em relação à invasão alienígena, inclusive a data programada da invasão, 22 de dezembro de 2012 (dez anos antes de o calendário maia assombrar o mundo com suas profecias apocalípticas, Chris Carter já havia se antecipado em explorar a data). Durante a tentativa de fuga em que precisou lutar com o super soldado Knowle Rohrer (Adam Baldwin), jogando-o contra cabos de alta tensão, Mulder acabou preso, acusado pela morte de Rohrer por eletrocução. Era tudo o que o FBI e o governo norte-americano queriam para literalmente fritar Mulder, condenando-o à cadeira elétrica. Um tribunal de araque comandado pelo vice-diretor Alvin Kersh foi encarregado do julgamento, com o diretor assistente Skinner assumindo o papel de advogado de defesa e baseando sua tese nas investigações de Mulder a frente dos “Arquivos X”. Na prisão, além do reencontro com Scully, Mulder recebeu a visita de antigos informantes e colaboradores, inclusive os falecidos Garganta Profunda, Sr. X, os Pistoleiros Solitários e Alex Krycek. Jeffrey Spender, Gibson Praise e Marita Covarrubias foram convocados como testemunhas, mas percebendo que tudo não passava de uma farsa, inclusive o falso corpo apresentado como sendo de Rohrer, Kersh decidiu ajudar na fuga de Mulder. Junto com Scully ele tentou obter provas de sua inocência.

A primeira parte do esperado episódio final de “Arquivo X” acabou sendo uma enorme frustração para a maioria dos fãs. Embora todos vibrassem com o retorno de David Duchovny à série, a primeira parte de “A Verdade” se perdeu em um falatório interminável recapitulando nove anos de conspirações e mistérios, e no desfile de assombrações de quem ficou pelo caminho, como uma forma de homenagear todos os atores que participaram da série, entre eles Jerry Hardin, Steven Williams e Nicholas Lea.

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A parte 2 de “A Verdade” tentou colocar a série nos eixos mas o tempo foi curto demais. Nenhuma revelação importante foi feita, nenhum mistério realmente esclarecido. Na fuga, Mulder e Scully vão parar no Novo México e chegam à uma aldeia Anasazi onde procuram por um ancião que pode explicar os documentos secretos que Mulder acessou durante a invasão à base militar, ninguém menos do que o Canceroso, que sobreviveu depois de ser atirado em uma cadeira de rodas do alto de uma escada por Alex Krycek e vive escondido em uma caverna feita de magnetita, capaz de protegê-lo dos super soldados. Quando Doggett e Reyes chegam, encontram Rohrer, cujo corpo é destruído pela ação da magnetita. Mulder e Scully fogem a tempo quando um míssil disparado de um helicóptero mata o Canceroso e destrói seu esconderijo. Escondidos em um quarto de hotel em Roswell, Mulder diz a Scully: “Os mortos não estão perdidos. Eles estão falando conosco como parte de algo muito maior do que nós, maior do que qualquer força alienígena. E se você e eu somos impotentes agora, eu quero acreditar que, se ouvirmos o que eles estão falando, eles podem nos dar o poder de salvar a nós mesmos”. Apesar dessa pequena chance de sucesso, Mulder finaliza: “Talvez haja esperança”.

William B. Davis fez uma aparição surpresa no final de “Arquivo X”, que mostrou seu personagem fumando através de um orifício em sua garganta. O míssil que destrói o seu esconderijo foi feito através de CGI e o efeito que mostrou o Canceroso sendo queimado vivo foi inteiramente criado por animação computadorizada pela equipe de efeitos visuais liderada por Mat Beck.

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Eu quero acreditar

Quando poucos ainda lembravam do seriado e de seus personagens, a Fox e os produtores de “Arquivo X” anunciaram um novo filme que marcaria a volta de David Duchovny e Gillian Anderson aos seus personagens clássicos, mas a trama do segundo filme nada tinha a ver com a mitologia da série. Na história, o súbito desaparecimento da agente Monica Bannan (Xantha Radley) faz com que a agente Dakota Whitney (Amanda Peet) recorra à ajuda do padre Joe (Billy Connolly), um homem que abusou sexualmente de 37 coroinhas no passado e que alega ter visões das vítimas. Para ajudá-la na busca, já que não conta com experiência em acontecimentos fora do comum, a agente Whitney busca o apoio de Fox Mulder (David Duchovny), que não é mais agente do FBI e permanece foragido. O contato é feito através de Dana Scully (Gillian Anderson), que também deixou o FBI e agora trabalha como médica em um hospital católico. Inicialmente relutante, Mulder decide cooperar na busca pela agente federal em troca de anistia, e aos poucos passa a acreditar cada vez mais nas palavras do padre Joe. Além de reunir os personagens, incluindo Skinner (Mitch Pileggi), que aparece apenas para salvar a vida de Mulder, o filme não acrescentou nada de útil à franquia.

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A fraca repercussão – ou se preferir a indiferença dos fãs ao novo filme – parece ter sepultado de vez o interesse dos seus produtores por novos filmes. Pelo menos, é o que parece. Em 2013, a Fox recusou a oferta para um novo filme que poderia trazer de volta os temas principais da mitologia de “Arquivo X” e que dizem respeito à invasão alienígena. Em julho deste ano, um dos eventos da Comic-Com, em San Diego, reuniu David Duchovny e Gillian Anderson, além de diversos outros membros do elenco e da equipe de produção do seriado, em comemoração dos 20 anos de “Arquivo X”, que teve o primeiro episódio exibido nos Estados Unidos em 10 de setembro de 1993.

David Duchovny e Gillian Anderson posam para uma foto durante a Comic-Con, realizada em julho deste ano, em San Diego. Dos vários eventos, da convenção, nenhum foi mais concorrido do que o que comemorou os 20 anos de lançamento de “Arquivo X”.

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Fim?

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Para ler a Parte 9, clique aqui.

A verdade ainda está lá fora

No final da sétima temporada, David Duchovny entrou com um processo judicial contra o canal Fox por direitos de syndication – a redistribuição do seriado para outras emissoras menores, que por contrato dariam ao ator cerca de cinco por cento dos lucros. A questão abalou as relações de Duchovny com os membros da equipe de “Arquivo X”, e quando foi confirmado que o seriado voltaria para mais uma temporada, o ator declarou que não participaria dela preferindo investir em sua carreira no cinema. A solução dos roteiristas foi fazer com que Mulder fosse sequestrado por alienígenas no último episódio da sétima temporada, “Réquiem”, criando uma solução para a ausência de Duchovny na temporada seguinte. Gillian Anderson sempre esteve presa à sua lealdade por Chris Carter, o responsável direto por sua contratação, e por conta disso decidiu permanecer na série. Outro “gancho” deixado no ar pelo episódio final foi a gravidez de Scully, que até então acreditava ser estéril em razão das experiências que sofreu durante a sua abdução alguns anos atrás.

O novo parceiro de Scully, o agente especial John Doggett, serviu no pelotão de fuzileiros, depois trabalhou como detetive na polícia de Nova York e atuou na Guerra do Líbano, antes de ingressar no FBI. Ao contrário de Scully, que finalmente se rendeu à existência dos fenômenos paranormais, Doggett, era completamente descrente em tudo isso. Mantinha-se assim, ainda que por linhas tortas, a premissa original da série de ter dois protagonistas com visões opostas e complementares.

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Depois de uma negociação complicada que se arrastou por vários meses, David Duchovny entrou em acordo com o canal Fox para receber os valores questionados judicialmente e assinou um contrato para atuar em oito dos episódios da oitava temporada. Para estenderem ao máximo a sua participação, os roteiristas usaram de todos os artifícios possíveis, desde usar um clone de Mulder até cenas de flashback do agente antes de sua abdução dando a impressão de que o ator participou de mais episódios. Para substituir o ator nos episódios em que Mulder não estaria presente foram feitos testes em cerca de 100 candidatos para interpretar o agente do FBI John Doggett, encarregado de descobrir o paradeiro de Mulder e que depois iria ser confirmado como o novo parceiro de Scully nos Arquivos X. Entre os atores testados para o papel estavam Bruce Campbell e Lou Diamond Phillips. O papel acabou indo parar nas mãos de Robert Patrick, ator até então mais conhecido por ter sido o cyborg T-1000 em “O Exterminador do Futuro 2”.

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Parecia que o universo inteiro estava conspirando contra. Além de processos judiciais e mudanças forçadas no elenco, um grave acidente durante as gravações do primeiro episódio por conta de um andaime que desabou, deixou seis feridos e provocou a morte por eletrocução de um dos membros da equipe, Jim Engh, homenageado nos créditos do episódio “Por Dentro”, levado ao ar em 5 de novembro de 2000. O episódio já apresentava a primeira novidade: a mudança nos créditos de abertura, que permaneceu imutável durante sete temporadas, mas foi alterado para atualizar as fotos de Mulder e Scully e incluir o novo protagonista da série, Robert Patrick, além de uma nova montagem que fazia referências à gravidez de Scully e ao desaparecimento de Mulder. Apesar do habitual esforço dos produtores e roteiristas, ninguém da equipe era capaz de prever se os fãs iriam ou não aceitar o novo ator ou que “Arquivo X” continuaria um dos líderes de audiência no horário nobre.

Robert Patrick caiu de páraquedas dentro dos Arquivos X para preencher a lacuna deixada pelo afastamento de David Duchovny durante metade da temporada. Porém, o novato agente Doggett acabou rapidamente sendo aceito pelo público graças ao talento e ao carisma do ator, que não só dava credibilidade ao personagem como demostrou uma ótima química com a estrela da série Gillian Anderson.

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Comparada à sétima temporada, a mais fraca de todas, a oitava temporada acabou sendo um relativo sucesso quando muitos acreditavam que tantas mudanças acabariam influenciando negativamente nos índices de audiência. Ainda que uma parcela considerável dos fãs tenha se afastado insatisfeita com os rumos do seriado, houve muitos episódios curiosos e interessantes ao longo da temporada, além de outros feitos para cumprir a agenda de produção, que contabilizou 21 episódios no total.

Isto não está acontecendo

O agente especial John Doggett, líder da força-tarefa comandada pelo agora vice-diretor do FBI Alvin Kersh (James Pickens Jr.) foi encarregado de desvendar o desaparecimento do agente Mulder. No episódio “Por Dentro” (Within), Kersh já começava ameaçando Scully e o diretor assistente Skinner – única testemunha da abdução de Mulder – a não comentarem nada a respeito de alienígenas e abduções ou perderiam seus empregos, mostrando que a busca por Mulder seria apenas uma cortina de fumaça para livrar a reputação da agência federal de investigação.  Os primeiros encontros entre Scully e Doggett não foram nada amigáveis, mas além de estabelecer desde o início a diferença de pensamentos entre Doggett – um cético convicto – e de Scully, uma crente quase devota aos fenômenos paranormais, esse primeiro episódio trazia de volta Margareth, a mãe de Scully (vivida pela atriz Sheila Larken), enquanto mostrava os personagens correndo de um lado para o outro atrás de pistas que revelassem o paradeiro de Mulder.

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Através de um rastreamento de atividades de OVNIs feito pelos Pistoleiros Solitários, a busca por Mulder conduziu todos ao deserto do Arizona, onde reencontraram o telepata Gibson Praise (Jeff Gulka) e alguém parecido com Mulder que tentava sequestrar o menino, mas que na verdade era o Caçador de Recompensas alienígena (Brian Thompson), utilizando a aparência do agente. Precisando reinventar a mitologia da série para adequar a trama ao desaparecimento de Mulder durante metade da temporada, além de construir um background para o novo personagem do agente Doggett, o segundo episódio “Por Fora” (Without) também dava mais pistas de que a gravidez de Scully seria o principal arco do programa a partir de agora. Como as buscas por Mulder foram em vão, ao final do episódio Doggett acabava sendo designado pelo vice-diretor Kersh para atuar nos Arquivos X ao lado de Scully.

 A cena em que Scully joga água no rosto de Doggett foi a primeira a ser filmada como uma espécie de cerimônia de batismo para o recém-contratado ator Robert Patrick. O diretor assistente da série, Tom Braidwood, que interpretava o Pistoleiro Frohike, comentou que esta era uma de suas cenas preferidas de toda a série. Patrick e o diretor do episódio “Por Dentro”, Kim Manners, reconheceram que não poderia ter havido uma introdução mais perfeita para o personagem.

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Enquanto os roteiristas queimavam seus neurônios para criar uma história que trouxesse Mulder de volta de uma forma convincente e reinventavam a conspiração envolvendo o governo, os militares e os alienígenas na criação dos super soldados, toda a mitologia anterior de sete anos parecia estar sendo esquecida ou descartada. Houve, porém, bons episódios de “monstro da semana”, um deles o primeiro caso em que Scully e Doggett atuaram juntos: “Paciência” (Patience), que parecia mais uma cópia carbono do filme “Olhos Famintos”, mas que ajudou a desenvolver a dinâmica entre os dois agentes logo no início. Outro bom episódio foi “Risco de Vida” (Roadrunners), que mostrava Scully sendo sequestrada por fanáticos que cultuavam um organismo hospedeiro maligno que acabou inserido em seu corpo. Nos primeiros episódios, Scully desconfiava das reais intenções de Doggett, mantendo-o sempre à margem de suas investigações.

No final do episódio “Risco de Vida”, ao mostrar Scully sendo resgatada por Doggett, se desculpando, agradecendo por ele ter salvo sua vida e prometendo não mais investigar um caso sozinha, o roteirista Vince Gilligan deu ao público a noção definitiva de que Doggett não só era digno de confiança como era o herói da série a partir de agora. Robert Patrick comentou: “O principal sentido daquela cena foi mostrar para ela ‘Olhe, eu estou aqui por você. Eu estou do seu lado. Nós somos parceiros agora.'”

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Houve ainda uma bizarra aventura-solo de Doggett: “O Dom” (The Gift), no qual seguindo uma pista de um caso investigado por Mulder meses antes do seu desaparecimento, o agente Doggett descobriu que Mulder sofria de uma doença terminal em seu cérebro provocada pela sua exposição ao artefato alienígena. Algumas cenas de David Duchovny foram utilizadas em um flashback que mostravam a busca de Mulder pelo devorador de almas. Seguindo as pistas dessa criatura mitológica, Doggett era assassinado pelo xerife local, devorado pelo monstro e então ressuscitado. Scully fez apenas uma pequena aparição ao final do episódio, que permitiu que Gillian Anderson tirasse alguns dias de folga com sua filha Piper. Este foi o décimo primeiro episódio da temporada e marcou a primeira aparição de David Duchovny desde os episódios “Por Dentro” e “Por Fora”.

A segunda parte do episódio duplo que abriu a oitava temporada, “Por Fora” mostrava cenas assustadoras de Mulder sendo torturado no interior da nave alienígena e de Scully lutando contra o Caçador alienígena que mudava de aparência a cada momento.

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Um dos episódios que ajudaram a construir o personagem de Doggett foi “Invocação” (Invocation), em que o reaparecimento de um menino com a mesma idade com que havia misteriosamente desaparecido dez anos atrás fez com que Doggett revivesse as lembranças de seu drama particular – o sequestro e o assassinato de seu filho Luke, ocorrido na época em que o agente trabalhava na polícia de Nova York. Outro episódio interessante foi “A Segunda Chance” que mostrava os eventos envolvendo o assassinato da esposa de Martin Wells, um advogado amigo de Doggett, e a luta dele para provar sua inocência, contados em uma narrativa regressiva, e que contou com a participação do ator Joe Morton, que atuou ao lado de Robert Patrick em “O Exterminador do Futuro 2”. O título original, “Redrum”, isto é, “murder” (ou “assassino”) é uma referência direta ao episódio, que foi escrito de trás para frente.

Por conta da gravidez de Scully, não fazia sentido mostrar a personagem correndo e lutando. Além disso, sem uma mitologia definida, a primeira metade da temporada foi marcada pelos monstros e histórias isoladas, com a maioria dos episódios mostrando Doggett a frente das investigações. Em “Medusa” (Medusa), ele investigava mortes de pessoas por um tipo desconhecido de organismo unicelular nos túneis do metrô de Boston.

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Foi apenas a partir do episódio 13, “Enganação” (Per Manum), que envolvia a descoberta de Scully de que várias outras mulheres que como ela não poderiam engravidar, haviam sido abduzidas e engravidadas com bebês alienígenas, que a série retornou ao que se poderia chamar de “mitologia”, uma vez que Scully passou a temer a real natureza da criança que estava gerando. O episódio explicou alguns fatos envolvendo a gravidez até então misteriosa de Scully e trazia algumas cenas em flashback dela com Mulder. O episódio marcou também a primeira aparição de Knowle Rohrer (Adam Baldwin), um militar amigo de Doggett que se tornaria o seu informante e mais tarde um traidor.

O seriado só iria engrenar para valer a partir do episódio seguinte “Isto Não Está Acontecendo” (This is Not Happening), que introduziu a agente Monica Reyes (Annabeth Gish), amiga pessoal de Doggett e especialista em ocultismo e paranormalidade, para ajudar nas buscas por Mulder quando diversas outras vítimas de abduções começaram a reaparecer ao mesmo tempo, inclusive Theresa Hoese (Sarah Koskof), a jovem abduzida no episódio Piloto e novamente vista em “Réquiem”, da sétima temporada. O episódio marcou a volta oficial de David Duchovny ao “Arquivo X” e trouxe de volta o personagem Jeremiah Smith (Roy Thinnes, astro do seriado dos anos 60 “Os Invasores”), visto durante a terceira e quarta temporadas, e que poderia ajudar na cura de Mulder, que finalmente foi encontrado mas mortalmente ferido.

A atriz Annabeth Gish entrou em “Arquivo X” como uma possível substituta caso Gillian Anderson não renovasse seu contrato para mais um ano. Gish nem precisou fazer testes para o papel. Após receber um telefonema de seu agente, ela foi à uma reunião com Chris Carter e Frank Spotnitz. Ao fim da reunião, ela já estava confirmada no papel da agente Reyes. A personagem voltaria no episódio “Empédocles” para ajudar em um caso que poderia estar ligado ao assassinato do filho de Doggett.

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Em “Morto Vivo” (Dead Alive), que se passava três meses após o funeral de Mulder, outro dos que foram abduzidos junto com Mulder,  Billy Myers (Zachary Ansley), voltou à vida na mesa de autópsias, e o diretor assistente Skinner ordenou que o corpo de Mulder fosse exumado. Com sinais de vida extremamente fracos, Mulder foi hospitalizado. Alex Krycek reaparecia para chantagear Skinner e através do controle dos nano-robôs em seu sangue ofereceu uma vacina que poderia salvar a vida de Mulder se Skinner interrompesse a gravidez de Scully. As pesquisas de Scully revelaram que o vírus alienígena estava alterando o DNA das pessoas e as transformando em um novo ser. Sabendo da chantagem, Doggett tentou deter Krycek, mas este fugiu e a vacina se perdeu. Quando os aparelhos que mantinham Mulder vivo foram desligados para evitar a sua transformação, descobriu-se que eram eles os responsáveis por manter o vírus alienígena incubado, salvando assim a vida dele. Mulder recuperou a consciência e viu Scully ao lado da cama. “Quem é você?” perguntou ele, em tom de piada: “Alguém sentiu a minha falta?”

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Com a volta de Mulder, os roteiristas voltaram à mitologia em “Três Palavras” (Three Words), que retornou ao tema da colonização agora abordando a criação dos super soldados alienígenas. No episódio, Kersh ignorou o pedido de Doggett e Skinner para que Mulder voltasse aos Arquivos X, Mulder acusou Doggett de tentar encobrir provas cruciais para as suas investigações e juntos invadiram um laboratório de pesquisas com a ajuda dos Pistoleiros. Esse episódio revelou também que o informante de Doggett, Knowle Rohrer, era um traidor alienígena. O óleo negro voltou a ser tema de um episódio em “Vienem” (que significa em espanhol “eles estão vindo”, uma referência aos super soldados alienígenas), que tratou da morte de trabalhadores em uma plataforma de petróleo em alto-mar, utilizada para o transporte do vírus alienígena.

Escrito por Steven Maeda, o episódio “Vienem” mostrou uma cena em que Mulder dizia a Doggett que foi demitido do FBI. Mais do que uma simbólica “passagem de bastão”, a cena deixou bem claro aos fãs de “Arquivo X” que Robert Patrick agora era o astro principal da série.

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O episódio em duas partes “Essência” (Essence) e “Existência” (Existence) fechou a temporada. No primeiro, Mulder, Scully, Doggett, Reyes e Skinner descobriam terríveis fatos em consequência do pacto firmado entre o extinto Sindicato e os alienígenas, com Billy Myers agora um híbrido aparentemente indestrutível e reprogramado tentando promover uma queima de arquivo total, incluindo o assassinato do filho de Scully às vésperas de ela dar à luz. Eles precisaram contar com a colaboração de Alex Krycek, que por um momento mudou de lado. Na segunda parte, foram explicados os detalhes da experiência para a criação dos super soldados e uma tentativa de Krycek de matar Mulder resultou na sua morte por Skinner com um tiro na cabeça. Reyes levou Scully para se refugiar em uma pequena cidade, onde ajudou no parto da colega. Os super soldados cercaram o lugar mas ao perceberem que Scully deu à luz um bebê normal, foram embora no momento em que Mulder chegou. Mais tarde, em seu apartamento, Mulder e Scully conversaram sobre os últimos acontecimentos e trocaram um beijo apaixonado.

Até o último episódio não havia indícios de que “Arquivo X” teria mais uma temporada, mas mesmo assim Carter deixava pontas soltas que possibilitassem uma nona temporada apenas com Robert Patrick e Annabeth Gish. David Duchovny confirmou que deixaria a série definitivamente pelo “bem do seriado” e o contrato de Gillian estava terminando.

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Acreditar para compreender

“Arquivo X” fez com que muitas pessoas fossem levadas a criar teorias tentando explicar o segredo do sucesso desse seriado de TV, que chegava ao sétimo ano ainda cheio de vitalidade e com uma legião de fãs ao redor do planeta, se esse sucesso era em razão dos temas sobrenaturais que despertavam a imaginação do público com relatos sobre a existência de extraterrestres e conspirações governamentais para esconder essa existência da população, ou em razão do desenvolvimento dos personagens, a forma como interagiam ao longo da série e suas personalidades sempre em constante transformação. Muitos seriados pegaram carona no sucesso de “Arquivo X”, copiando seus temas e ideias. Nenhum sobreviveu além de uma ou duas temporadas.

Os relatos sobre abduções e avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados remontam a várias décadas atrás, desde a paranoia com a suposta queda de uma nave extraterrestre em Roswell, em 1947. O tema apenas foi despertando mais e mais curiosidade ao longo do tempo, e ganhando o imaginário popular graças ao cinema e a literatura, mas nada que justifique o sucesso de “Arquivo X” apenas por explorar histórias sobre extraterrestres. Uma das grandes ideias por trás de “Arquivo X” foi mexer com a opinião pública, reabrindo antigas feridas e explorando outras mais recentes. Desde o assassinato do presidente John F. Kennedy, passando pelo escândalo de Watergate até a Guerra do Golfo, o seriado declarava abertamente que as autoridades não mereciam a confiança da população.

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Os roteiristas de “Arquivo X” utilizavam uma técnica de narrativa quase sempre infalível, chamada “suspensão de descrença” (suspension of disbelief) que consiste em desenvolver uma narrativa que envolva o espectador ou leitor de tal modo que ele passa a acreditar em tudo o que é narrado sem questionar a validade dos temas e situações apresentadas, colocando-se ele mesmo no centro da ação narrada. Outra técnica era explorar o equilíbrio das histórias de uma forma que o espectador sempre tinha mais perguntas do que respostas ao final, e que sempre enveredavam por duas linhas de narrativa: uma fazendo com que o público acreditasse no que estava acontecendo, e outra apresentando propostas alternativas que o manteriam em dúvida. Além de tudo isso, os episódios eram muito bem escritos, dirigidos e produzidos, e estrelados por dois atores em total entrega. Muitos foram os fatores que concorrem para que “Arquivo X” chegasse até onde chegou.

E o seriado chegou ao sétimo ano de vida na noite de 7 de novembro de 1999. Com muito da antiga mitologia já explicada envolvendo a colonização e a hibridação de humanos com alienígenas, inclusive com o fim do Sindicato na temporada anterior, a nova temporada iria fechar mais alguns arcos importantes, o principal deles envolvendo o desaparecimento da irmã de Mulder, Samantha. A decisão de se fechar o arco da história de Samantha provocou surpresa em muitos membros da equipe de produção já que a busca de Mulder por sua irmã era o Santo Graal de “Arquivo X” desde o primeiro episódio. O produtor Paul Rabwin declarou: “Já são sete anos. Eu não acho que qualquer um de nós sentirá muito a falta de Samantha Mulder. Esse recurso e sua motivação foram muito fortes nos primeiros anos da série, mas muitos anos se passaram, e a especulação que provocou no início agora esmoreceu”.

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Além da liberdade criativa dada aos astros para que escrevessem e dirigissem seus próprios episódios, e assim como na sexta temporada, a sétima temporada tentou inovar com episódios incomuns, um deles produzido no formato do reality show “Cops”, famoso seriado de TV que mostrava as ações da polícia de Los Angeles. Apesar dos esforços dos roteiristas, a sétima temporada apresentou os episódios mais desinteressantes já escritos para “Arquivo X”. Com o cancelamento do seriado irmão de “Arquivo X”, Chris Carter decidiu incorporar um episódio especial de “Millennium” dentro da sétima temporada. A temporada foi produzida como se fosse a última, uma vez que até a produção do último episódio não havia nenhum indício de que “Arquivo X” voltaria para um eventual oitavo ano.

Amor de fé

Continuando os acontecimentos do final da temporada anterior, “A Sexta Extinção Parte 1” e “A Sexta Extinção Parte 2” (“The Sixth Extinction” e “The Sixth Extinction 2: Amor Fati”) mostravam Mulder ainda sofrendo do frenesi mental que o acometeu depois de ter sido exposto à inscrição do artefato alienígena. Como seu estado piorava, o agente Michael Kritschgau (John Finn, visto antes na trilogia “Redux”) explicou que o cérebro de Mulder estava trabalhando mais rápido do que ele conseguia suportar e uma droga foi injetada em seu cérebro para melhorar a sua consciência. As pesquisas de Scully avançaram no sentido de descobrir que as inscrições na nave alienígena que ela encontrou enterrada na praia na Costa do Marfim diziam respeito ao DNA humano e continham ideogramas reproduzindo trechos inteiros de todas as religiões do planeta no dialeto Navajo. O diretor assistente Skinner tentou transferir Mulder de hospital, mas a agente Fowley o impediu.

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Quando Scully precisou fugir da Costa do Marfim e retornar a Washington, Mulder foi levado em um estado catatônico e submetido a uma cirurgia para transferir parte do seu tecido cerebral para o Canceroso. Kritschgau explicou que o artefato despertou um vírus ao qual Mulder foi exposto em Tunguska, mas acabou sendo assassinado por Alex Krycek. Durante a cirurgia, Mulder tinha um sonho em que o prendia à uma realidade alternativa e Scully era alertada em um sonho pelo espírito de Albert Hosteen sobre uma profecia de um genocídio que seria evitado pela ação de um único homem. A agente Fowley, que foi vista jurando lealdade ao Canceroso na temporada anterior, foi questionada por Scully e resolveu rever sua participação nos planos, optando por permitir que Scully localizasse Mulder. Fowley acabou pagando com a vida por sua traição. Mulder foi resgatado e se recuperou das crises mentais.

Chris Carter estava interessado na possibilidade de que os extraterrestres estivessem envolvidos em extinções em massa de antigas civilizações e usou esses temas no episódio duplo “A Sexta Extinção”. Grande parte do episódio também foi inspirado pelo romance de Nikos Kazantzakis “A Última Tentação de Cristo”, e uma cena que mostrava uma operação em Mulder foi tematicamente em comparação com a crucificação de Jesus Cristo.

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O que no início foi uma premissa interessante lançada por “Biogênese”, de que os extraterrestres estivessem envolvidos na genética humana e na construção das grandes religiões do planeta no molde das teorias do escritor de “Eram os Deuses Astronautas”, Erik Von Dänikken, acabou se transformando em dois episódios frustrantes. A mudança de lema de “A Verdade Está lá Fora” para “Amor Fati” (que em latim quer dizer “Love of Fate”, ou “Amor de Fé”) é uma referência ao pensador alemão Friedrich Nietzsche, e no sentido de amor à uma vida predestinada levada a cabo pelo agente Mulder em sua cruzada pessoal. Além de sofrer por conta de desvios de narrativa obrigatórios quando se observou que não havia mais nada de novo para contar em termos de mitologia, a sétima temporada sofreu com a saída dos roteiristas habituais do seriado – Glen Morgan, James Wong e Darin Morgan – e a entrada de um novo time de escritores pouco familiarizados com o espírito de “Arquivo X” e com seus personagens.

A história de “A Sexta Extinção” trouxe de volta o primeiro informante de Mulder, Garganta Profunda (Jerry Hardin), a irmã de Mulder, Samantha (adulta e novamente vivida pela atriz Megan Leitch), ambos vistos na sequência do sonho, além de Teena Mulder (Rebecca Toolan), a mãe do agente. A sequência do sonho acabou sendo o momento mais interessante do episódio, que decepcionou os fãs.

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A sétima temporada acabou afastando “Arquivo X” da sua própria mitologia. Sem saber se teriam ou não uma nova temporada, os roteiristas praticamente esgotaram a mitologia no episódio duplo do sexto ano “Dois Pais” e “Um Filho”. Depois que descobriram que precisariam estender a mitologia da série para a adaptarem a uma temporada nova e completa, em vez de retornarem à teoria da colonização, eles decidiram enveredar por um outro caminho que não só desagradou aos fãs, como repercutiria em críticas desfavoráveis nos próximos dois anos. A sétima temporada acabou tendo o menor número de episódios mitológicos entre todas, e foi marcada por muitos episódios isolados terríveis: “Faminto” (Hungry), sobre um mutante adolescente com uma compulsão incontrolável por cérebro, “Investida” (Rush), sobre adolescentes que expostos a algum tipo de radiação extraterrestre desenvolviam uma força e velocidade sobre-humanos, ou “O Cigarro da Morte” (Brand X), sobre uma testemunha em uma investigação sobre a fábrica de cigarros Morley – a marca usada pelo Canceroso – que tem uma morte horrorosa e leva os agentes Mulder e Scully a uma terrível conspiração para encobrir uma experiência biológica.

Outros episódios igualmente decepcionantes foram “Quimera” (Chimera) – que não tem a participação de Scully em razão da folga dada à Gillian Anderson para que escrevesse seu roteiro de “Todas as Coisas” – que mostrava Mulder investigando um caso de desaparecimento em uma pequena cidade que o levou a diversos assassinatos provavelmente cometidos por uma criatura mitológica chamada Banshee, “Três Desejos” (Je Souhaite), uma espécie de versão sem muita graça de “Jeannie é um Gênio”, sobre um gênio feminino que reclamava que as pessoas sempre lhe faziam pedidos errados, e possivelmente o pior episódio do ano, “O Mundo Virtual” (First Person Shooter), sobre um software de simulação de tiro em primeira pessoa que criava um personagem virtual capaz de assassinar pessoas na vida real.

O único ponto de interesse do episódio “O Mundo Virtual”, que trouxe de volta os Pistoleiros Solitários em uma trama sem sentido, foi ter sido escrito por William Gibson e Tom Maddox. Gibson, o festejado autor do romance “Neuromancer”, publicado nos anos 80 e que inaugurou o gênero cyberpunk que inspirou filmes como “Matrix”, já havia dado sua contribuição à série com “Vivendo no Ciberespaço”, da quinta temporada.

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Durante a sétima temporada, os produtores deram oportunidades de o elenco participar além das câmeras, escrevendo e dirigindo seus próprios episódios. David Duchovny, que já tinha escrito e dirigido “O Anti-Natural” na temporada anterior, voltou a colaborar escrevendo o roteiro de “A Sexta Extinção Parte 2” e depois escrevendo e dirigindo “Hollywood D.C.” (Hollywood A.D.), uma sátira sobre Hollywood, quando um estúdio decide fazer um filme baseado nas investigações dos agentes Mulder e Scully (acredite se quiser!), e os agentes são destacados para servirem como consultores dos astros contratados para interpretá-los, ninguém menos do que Téa Leoni (esposa de David Duchovny na vida real) e o seu amigo pessoal Gary Shandling. Ao escrever seu roteiro para “Todas as Coisas” (All Things), Gillian Anderson preferiu mergulhar no drama pessoal de Scully, mostrando um antigo romance do seu passado que retornava para trazer alguns esclarecimentos sobre sua decisão em largar a Medicina para ingressar no FBI, além de explorar suas angústias e crenças religiosas.

“Todas as Coisas” (All Things) tem uma participação mínima de Mulder por conta da folga dada a Duchovny para que escrevesse seu roteiro, e com ele Gillian Anderson tornou-se a primeira mulher a dirigir um episódio de seriado de TV. Um episódio pessoal e muito intimista que tratou de desnudar a personalidade de Scully de uma forma nunca antes mostrada na série.

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Até mesmo William B. Davis recebeu uma oportunidade de escrever seu próprio roteiro para a série. Em “A Salvação da Humanidade” (En Ami), Davis colocou seu personagem, o Canceroso, no centro da história, e tendo uma proximidade com Scully que até aquele momento nunca tinha sido vista na série. O episódio revelava um projeto científico liderado pelo Canceroso chamado “Simulador Terra Incógnita”, envolvendo implantes de microchips iguais ao de Scully e que poderiam ser utilizados para monitorar e controlar pacientes abduzidos e até mesmo matá-los como ratos de laboratório. Acreditando que ali poderia estar a chave para a cura do câncer, Scully arriscava a vida embarcando com o Canceroso em uma viagem de carro em busca de mais provas sobre a experiência.

O roteiro de “A Salvação da Humanidade” foi o primeiro e único escrito por William B. Davis. Nele, o Canceroso tenta ganhar a confiança de Scully explorando o interesse médico e científico da agente em uma experiência de cura controlada por ele. O título original do episódio “En Ami” (que significa em francês “as a friend” ou “como um amigo”) é uma brincadeira fonética com o idioma inglês: “En Ami” soa parecido como “Enemy”, isto é “Inimigo”. Este foi o último episódio de “Arquivo X” dirigido pelo veterano da série Rob Bowman.

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Mas nem tudo estava perdido na sétima temporada, pois tivemos alguns ótimos episódios. O melhor de todos, “Sinais e Maravilhas” (Signs and Wonders), envolvendo ciência e religião no caso de um homem morto por cobras sem qualquer prova física do ocorrido, além de “Reverendo Orison” (Orison) que marcou o retorno do assassino fetichista e necrófilo Donnie Pfaster, novamente interpretado por Nick Chinlund. Após ser preso pelos crimes e a tentativa de assassinar Scully no episódio “Irresistível” da segunda temporada, ele conseguia fugir da prisão graças à influência de um pastor chamado Orison, que parecia usar um forte método de hipnose coletiva. Uma vez livre, Pfaster partia para cumprir seu objetivo ainda não concluído: assassinar a agente Scully.

A sétima temporada também tentou inovar no formato dos episódios e apresentou o curioso “O Medo” (X-Cops), uma espécie de crossover de “Arquivo X” com a série-realidade “Cops”, que acompanhava as ações da polícia pelas ruas de Los Angeles. No episódio, uma série de crimes colocava os agentes Mulder e Scully diante das câmeras da equipe de TV que mostrou em cadeia nacional  as ações dos agentes em conjunto com a polícia para descobrir quem ou o quê estava cometendo assassinatos.

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Para concluir a história de seu outro rebento, o seriado “Millennium”, cancelado após a terceira temporada, Chris Carter pediu que Vince Gilligan e Frank Spotnitz escrevessem o episódio especial que fez o aguardado crossover entre o protagonista daquele seriado, Frank Black (Lance Henriksen), e os agentes Mulder e Scully, em “Millennium”. Quando um antigo membro do misterioso grupo Millennium estava envolvido em um caso de violação de túmulos, Mulder e Scully pedem ajuda a Frank Black, que internou-se em uma clínica psiquiátrica e depois de muita relutância, decide ajudar os agentes a evitar a realização de uma profecia apocalíptica. Embora ficasse aquém das expectativas criadas em torno da união entre os personagens de duas das melhores séries de suspense da TV – nem o próprio ator Lance Henriksen ficou satisfeito com a história apresentada -, o episódio teve bons momentos, como o ataque dos zumbis no porão, mas acabaria sendo lembrado mais pelo beijo de Mulder em Scully na virada do milênio, com o sarcástico “viu? O mundo não acabou”, dito por ele para sua parceira.

O seriado “Millennium”, criado por Chris Carter, estreou na TV americana em 1996 e durou três temporadas. Nele, o veterano ator Lance Henriksen vivia Frank Black, um médium que conseguia conectar-se com a mente dos piores assassinos e que prestava consultoria em investigações do FBI trabalhando para uma instituição particular conhecida como Grupo Millennium. Durante anos, os fãs aguardaram por uma ocasional união entre os personagens dos dois universos criados por Chris Carter.

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A temporada foi marcada também pela crítica dos fãs que começaram a acusar a série de ter se rendido à Hollywood, servindo de trampolim para vários atores em ascensão e para outros já em decadência. Shia LeBouf, muito antes de virar o astro de “Transformers” podia ser visto no divertido episódio “Um Homem de Sorte” (The Goldberg Variation), a atriz Kathy Griffin (do seriado “Suddenly Susan), atuava em “Luta de Gêmeos” (Fight Club), episódio de humor sobre duas irmãs gêmeas que provocam destruição e violências por onde passavam, além de Tea Leoni, que além de esposa de David Duchovny, era a protagonista do seriado “The Naked Truth”, e Gary Shandling, que estrelou o seriado “The Larry Sanders Show”. As participações especiais, porém, se tornariam constantes nas duas últimas temporadas. Além disso, acreditando que a sétima  temporada seria de fato a última – crença fortalecida pela decisão do astro David Duchovny em processar o canal Fox por questões de “syndication”, a distribuição do seriado para emissoras afiliadas e que deveriam lhe dar uma porcentagem na revenda – os roteiristas trataram de encerrar o único arco restante da mitologia original: o que realmente aconteceu com a irmã de Mulder, Samantha.

Os episódios “Libertação Parte 1” (Sein Und Zeit) e “Libertação Parte 2” (Closure) mostram a morte da mãe de Mulder (Rebecca Toolan), um provável caso de suicídio, e a investigação sobre um assassino de crianças que levava Mulder a confrontar novamente o Canceroso e a descobrir a verdade sobre a morte de sua irmã. Sim, a verdadeira Samantha estaria de fato morta. Mais uma vez, apesar do cuidado com que Chris Carter e Frank Spotnitz escreveram o roteiro desse episódio duplo, sua evolução de um mistério para outro, e a forma como o passado da família Mulder foi trazido à tona, além das ótimas atuações de David Duchovny, Gillian Anderson e William B. Davis,a solução deixou a desejar. Através de simples narração, soube-se que a menina conseguiu fugir da base onde vivia com Jeffrey Spender e simplesmente desapareceu por interferência de “espíritos de luz”. Um completo anticlímax que jogou por terra sete anos de especulações e a expectativa de um reencontro. A segunda parte trazia uma alteração no lema de “A Verdade Está lá Fora” para “Acreditar para Compreender” (Believe to Understand).

Frank Spotnitz comentou que os episódios “Libertação” tinham semelhança com “Corações de Pano” da quarta temporada: “É similar, mas no sentido de que aquilo que você sempre acreditou ter acontecido a Samantha não era o que aconteceu de fato. ‘Corações de Pano’ nunca respondeu a questão. Havia pessoas que vinham até nós e diziam “ok, ela está morta, mas o que aconteceu?’ e então decidimos nesse episódio responder”.

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Sem mais o que contar, Carter colocou os agentes sob uma auditoria do FBI, que exigia que Mulder prestasse conta sobre seus gastos excessivos e que Scully explicasse porque não cumpriu sua missão de controlar as ações dele, e levou os dois agentes de volta ao começo. “Requiem”, o último episódio da temporada, anunciado como o último da série, mostrava Mulder e Scully de volta à cidade de Bellefleur, no Oregon (local de seu primeiro caso juntos no episódio “Piloto) para investigar, a pedido de Billy Miles (novamente interpretado por Zachary Ansley), as abduções que continuavam acontecendo na região. Krycek, Marita Covarrubias e o Canceroso retornaram em uma tentativa de recriar o Projeto a partir de uma nave espacial que caiu na região. Em um fato raro na série, o diretor assistente Skinner saía a campo para ajudar Mulder nas buscas pelo OVNI na floresta, presenciando a sua abdução. No final do episódio, muito doente e em uma cadeira de rodas, o Canceroso era empurrado escada abaixo por Alex Krycek, provavelmente sendo morto na queda. A cena em que Scully diz a Skinner que estava grávida foi filmada um dia antes de o episódio ir ao ar para evitar que a informação vazasse na Internet e estragasse a surpresa.

Como os executivos da Fox insistiram que a série tivesse mais uma temporada, e David Duchovny – além do processo contra a Fox – já tinha declarado que não iria voltar para um oitavo ano – a única solução antes do episódio final “Réquiem” ir ao ar foi inventar o sequestro de Mulder pelos alienígenas, e deixar a história em aberto caso conseguissem fazer com que o ator voltasse atrás em sua decisão.

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